terça-feira, 9 de julho de 2013

Pinturas do interior do moinho da Apariça, S. Matias, Beja.

Desde o século XIX, pelo menos, houve quem representasse, em desenho e como se fosse banda desenhada, nos locais onde trabalhava, o percurso da sua vida, os acontecimentos a que assistiu, etc. Não é raro ver, no interior de moinhos de vento, essas longas e enredadas locubrações artístico-descritivas, como testemunho de uma sui generis experiência de vida. A reprodução de uma das fotos que seleccionei pertence a um conjunto de diapositivos que há mais de vinte anos fiz num moinho, já arruinado, próximo de Beja, o da herdade da Apariça, o maior moinho de vento do concelho. Parecem ser figuras da transição dos séculos XIX para XX. Há militares, grupos de pessoas da aristocracia, gente simples, grandes navios com mastros enormes, touros, animais do campo, datas que poderão ser coevas da obra - enfim, um tratado de vida, provavelmente desenhado e pintado, quase tudo a negro, pelo primeiro moleiro que lá trabalhou e que teria sido emigrante. 
Neste momento (2013) desconheço o estado de conservação destas pinturas, mas julgo que davam um bom estudo na área da sociologia e antroplogia, portanto seria óptimo que algum estudioso das ci~encias sociaisse abeirasse da obra antes que ela desapareça. 


Leonel Borrela 

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